quinta-feira, 21 de maio de 2009

Snoopy decide morrer.



Apertei bem, muito bem, os pulsos, os tornozelos, a boca... Escolhi bem a ladeira, só teria sentido se fosse uma grande, imensa, prolongando a dor. Se já estava desacordado, que mal faria fazer mais uma surpresa? Então que se coloque uma máscara! Sim... Tudo pronto! HIhihihihihihihihihihihihihihi. Carro ligado, marcha à ré, vamos deixar seguir seu curso.

“I’m so happy, ‘cause today i’ve found my friends...”, e eu só podia cantarolar assim, só podia ser assim… O carro ia descendo ladeira abaixo, já posso sentir toda a dor indo junto e espero sinceramente que ele tenha uma morte cheia de dor e bem lenta. Deitei no meio da calçada, no meio da noite. Deixei minhas orelhas felpudas encostarem-se ao chão úmido de chuva, abri os braços e sorri! Consegui ouvir, meio que de longe, a batida do carro desgovernado, descendo uma ladeira de ré, com ele dentro, amordaçado e com uma máscara tapando o rosto. Que estranho é, rir e deixar uma lágrima cair pelo rosto ao mesmo tempo. Sinto vontade de gritar, bem alto, misto de prazer e dor, assim mesmo bem piegas.

Gosto de sangue na boca... Cu ardendo, pernas bambas... Já nasci assim. É só levantar o corpo do chão e começar a viver. Preferi tornar a vida dos outros uma merda. Vamos todos sorrir e esperar uma chuva de cenouras pelas coisas boas que fazemos! Hahahahahahahhaha. Não tem porra nenhuma, fui enganado, traído, abandonado, atropelado e morto! E como qualquer um, renasci no 3º minuto como um coelho fofo com uma espada samurai nas mãos. Se fica óbvio que vou me vingar? Fica sim. Não pretendo ser surpreendente, pretendo arrancar alguns órgãos genitais e pendurar na minha parede, só isso.

Merda! Bosta! Cacete! Cu! Cuuuuuuuuu...elhinho se eu fosse como tu eu tirava as mãos do bolso e enfiava no cuuuuuuuuu... elhinho, se eu fosse como tu eu tirava as mãos do bolso e enfiava no cuuuuuu... elhinho, se eu fosse como tu eu tirava as mãos do bolso e enfiava no cuuuuuu... da sua mãe mesmo.

O sexo é uma coisa legal, gosto de sexo. Certifiquei-me de fazer com ele, contra a vontade dele, é claro, antes de amarrá-lo e soltar o carro ladeira abaixo. Foi legal... Hora da droga! Luzes, “flashing lights”, um corpo sobrando no porta malas. Uma pá, um galão de gasolina, uma pá rachando um crânio no porta-malas, fogo! Fogo! Fim das provas, coelho solto, “flashing lights”.

Amor? É, eu “meio” que me amo. Se você disser “eu te amo”, eu digo “eu também”. E está tudo resolvido para mim. Não, eu não fumo. Acho que... Sei lá! Geração saúde! Novelinha “Malhação”, dar o cu para ser “ator de quinta” na Globo, vamos todos tratar o teatro como um “quebra-galho” pra ganhar uns trocados enquanto somos bonitinhos! Hora da droga! Luzes, “flashing lights”.

Seria suuuuper bacana se fosse só uma questão de prender a respiração! Mas não é, tem que decidir se pula da ponte, ou faz qualquer outra coisa dependendo da sua disposição para sentir dor ou não. Já fiz tudo sim. Tem a espada né? Esqueci dela. O que quero mesmo é me prender na tua perna, na tua pele, na tua alma, ser somente teu e quando tiver certeza disso, optar por deixar o coração descompassado e depois parar. Viver na falta de saliva da tua boca.
Coelho, 20 de maio de 2009


[Amei esse texto, Paulo me mandou e me permitiu publicar.]

Um comentário:

  1. =O....
    meninoooo, que texto hein?!
    tôooo beeeeeege aqui..adorei!
    beijo e um queijo =*

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