
Estava em falta comigo mesmo, me dei um tempo de escrever, de sentir por obrigação as coisas. Fiquei eu comigo mesmo, vivendo os dias, passando as horas, suportando sentimentos e superando medos! Confesso que durante esse período saí muito, conversei bastante, encontrei pessoas, recordei momentos e no fim de tudo percebi que estou bem, que estou numa fase de verdadeira mudança.
Lembro-me de um ano atrás, onde eu fugia por várias vezes de mim, do que estava sentindo, do que poderia viver e no fim das contas findei andando em círculos e que isso nem me adiantou muito, nem aprendi nada com aquilo. Só pude me desprender daquele sentimento quando pude me abrir com a pessoa e fazer com que tudo o que senti/passei/superei estivesse exposto e muito bem resolvido entre nós.
Mas a ocasião é outra, vim aqui para contar que estou bem, acho que finalmente cresci como pessoas, pessoa que tem sentimentos e que procura lidar com eles e que sempre busca ser transparente, coisa que antes só demonstrava com gestos. Hoje se algo não está me agradando chego e falo, não quero ser indesejado, apenas quero que sejam sinceros comigo. Estou crescendo, aprendendo a lidar com isso tudo e principalmente com esse meu jeito de ser que é uma coisa que tenho que melhorar um pouco.
Gente, mas dá um desconto, não é?! Sou ariano, gosto de coisas fortes, não tenho medo de demonstrar o que sinto, como sinto, tenho ciúmes, sou de grandes paixões [amor absoluto, ainda não sei de certo o quê seria isso] sou de viver, sem medo nem tampouco raiva do que passou. Tenho minhas amigas que nem adianta pedirem para que eu me distancie delas, porque é perda de tempo.
É acho que estou menos chato, mais pensativo, mais carinhoso e estou decidido a ir em frente. Amanhã? Deixa para amanhã, estou ocupado com o hoje!
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.
Vinícius de Morais
Rio de Janeiro, 1938
Boa semana!