quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Perto demais. (de mim)


Hoje mais uma vez assisti Closer, me revi em tudo o que o filme retrata. Amores impossíveis, questionáveis, repentinos, duvidosos, traição de sentimentos e desejos. Por vezes acho que me identifico em cada um deles, mas ao mesmo tempo me encontro mesmo em um único personagem, a “Alice Ayres”.

Analisando cada um, eu paro e vejo as atitudes de cada um. Quando o Larry para e diz que a Anna não quer ser feliz porque ela é depressiva e os depressivos não querem ser felizes, querem ser infeliz para poderem ser depressivos e assim continuarem a não viver e continuarem a ter motivos para reclamar. Me sinto muitas vezes como ela, a pessoa que tem a chance de ser feliz mas que quer ser triste e foi assim que eu me acostumei a viver.

Busquei muito os ditos “amores impossíveis” para que pudesse reclamar os acontecimentos e não me sentir culpado de não ter dado certo. Cada ação minha me diz que eu realmente busco isso, o utópico, o distante, o questionável. Do outro lado vejo a “Alice”, uma pessoa que se camuflou desde o início. A menina abandonada, sem rumo, sem medos, cheia de mágoas, cheia de angústias e que depois de ter vivido muitas coisas se permite uma chance. Mas tem um porém, ela sendo consciente de tudo que já viveu, de tudo o que passou, ela inventou uma pessoa que ela, só ela era capaz de lidar, a própria Alice.

Quem sou eu hoje? Vinhu. Ninguém além de mim me conhece mais, me prometi ser o Vinhu e que ninguém vai conhecer a minha verdade enquanto que não me transmita toda a paz e capacidade de me completar. Há tempos cansei de me abrir de verdade e me ver caindo em um abismo sem tamanho. Sim, eu meço minhas atitudes e palavras, embora haja errado e tudo mais, mas mesmo assim ainda tenho um limite que eu me permito ir até lá.

Larry e Daniel me mostram dois lados que eu tive, que ainda me remete a algumas ações minha. A cobrança de verdade do Dan, cobrança de sentimentos, o desejo por coisas complicadas. O Larry para mim é o cara que tem limites, que sabe analizar o relacionamento e os sentimentos, sabe medir cada ação, sabe delinear o amor e as formas de ações.

Realmente Closer é um filme para ser assistido por várias vezes, para que se possa ver cada fala, o tom de cada uma delas, a capacidade das pessoas de fingir, de amar, de trair, de trair as outras pessoas, de atrair a si próprio, a traição dos seus próprios sentimentos. O poder de se dizer um NÃO, um ADEUS. Cada coisa ação dessa para mim tem uma importância no meu dia-a-dia, são filmes como esse que fazem com que eu pare e perca meu tempo para poder ver um filme.

Acho que é sempre bom a pessoa parar e se analizar, analizar cada ação, cada sentimento e se encontrar sozinho e recomeçando a sua própria vida. Ver a menina que todos do filme tratavam como sendo a desprotegida, a muito jovem e vê-la agindo como realmente uma adulta me fez repensar o que as pessoas pensam sobre mim, sobre a minha inconstância, sobre a minha ânsia, meus desejos.

Enfim, me sinto como a Jane Jones, que viveu como a “Alice Ayres” por muito tempo, e que transparecia ser a menina e que na verdade é uma mulher e cheia de experiência de vida. Que soube o momento de tomar cada decisão, de voltar, de ir embora.

Goodbye stranger.

Um comentário:

  1. Closer é meu filme preferido desde a primeira vez. Perderei a conta de quantas vezes o assisti. Peculiarmente ele retrata meus relacionamentos pela traição. Alice é a personagem mais admirável embora, eu também tenha visto nos outros a coragem de assumir suas fraquezas, coisa que ela não tinha. Ela se escondeu o tempo todo, ela verdadeiramente soube se reinventar e mostrava as fraquezas daquela personagem que ela criou, já tão diluída nela mesma. Ela é a única que consegue decidir a hora de ir embora e ter sempre uma base pra recomeçar, ela mesma, o intacto. E foi isso que aprendi ser: um recomeço. Alguém que sabe a hora de ir embora pra não se ver afundar numa lama que não é sua. Alguém que se preza e sabe que se afogar no amor é antes de tudo se afogar. E quando você cai dessa maneira, o amor vai embora e só sobra você todo ensanguentado. Ela afoga o amor e sai. Admirei isso.

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