quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Varal de sentimentos (ou pessoas)


Tem dias que a gente decide lavar todos os sentimentos passados e colocá-los estendidos frente a nós mesmos e foi assim que eu acordei por esses dias. Começamos pelas pequenas coisas que remetem aquelas pessoas com quem compartilhamos momentos e sentimentos vividos e paramos para analisar cada situação que convivemos.

Eis que nesses dias é que nos pegamos vendo fotos antigas, relembrando dos lugares que freqüentamos junto com amigos, festas, aniversários, churrascos, cinemas, aquela saída ao cinema, aquele barzinho vagabundo, aquela cerveja no estacionamento do supermercado e enfim, momentos que permitiram que a saudade existisse.

É bom saber e poder lidar bem com essas lembranças, tê-las como que roupa limpa e cheirosa. Outra coisa boa é poder ver que mesmo que seu relacionamento com alguém não deu certo, isso não influencia na forma como tratar alguém que você já gostou e poder mostrar aos outros que essa pessoa tem sim seu valor e suas qualidades. Afinal, não é porque não serve mais pra você que ele não possa servir para outro alguém.

Sinto que relacionamentos são como roupas, que por vezes tem um caimento muito bom na gente em um momento, em determinada situação, mas em outro momento da nossa vida esse mesmo relacionamento não se encaixaria com o contexto da vida. Tem roupa que se rasga e que ainda dá pra remendar, mesmo que não vá mais usar, mas mesmo assim é bom passá-la à frente em um estado melhor.

Assim eu vejo as pessoas que passaram pela minha vida, como roupas. Temos aquela que nunca deixaremos de usar porque é uma roupa básica, mas que serve pra qualquer ocasião e as demais que em algum momento foi adequada, mas que já não serve mais. E, em dias como esse de avaliação é que se vê todas as pessoas como em um varal, estendidas e no ponto para que sejam escolhidas as que vão para doação e as que ficam para o tempo que durar e agüentar o duro cotidiano de uma vida compartilhada.

domingo, 4 de julho de 2010

Para a Tristeza.




Companheira, sei que você vai chorar quando ler esta carta. Vai ser difícil para mim, pois me acostumei à sua presença, porém não vejo mais motivos para continuarmos juntas.
Perdi anos de minha vida ao seu lado, tristeza, acreditando que o amor não existe e o mundo não tem jeito. Você é péssima conselheira.
Chegou a hora de dar chance à alegria, que há muito tem mostrado interesse em passar um tempo comigo.
Desde criança, abro mão de muita coisa por vc. Festas a que não fui porque você não me deixou ir, paisagens lindas nas quais não reparei porque você exigiu de mim total atenção.
Quero de volta meus discos de dance music, que você tirou da prateleira. E minhas roupas estampadas, que sumiram do meu armário depois que você se instalou aqui.
Quero ver a vida por outros olhos, que não os seus. Quero beber por outros motivos, que não afogar você dentro de mim.

Como disse Lulu hoje de manhã no carro a caminho do trabalho: Não te quero mal, apenas não te quero mais.

Fernanda Young

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Perto demais. (de mim)


Hoje mais uma vez assisti Closer, me revi em tudo o que o filme retrata. Amores impossíveis, questionáveis, repentinos, duvidosos, traição de sentimentos e desejos. Por vezes acho que me identifico em cada um deles, mas ao mesmo tempo me encontro mesmo em um único personagem, a “Alice Ayres”.

Analisando cada um, eu paro e vejo as atitudes de cada um. Quando o Larry para e diz que a Anna não quer ser feliz porque ela é depressiva e os depressivos não querem ser felizes, querem ser infeliz para poderem ser depressivos e assim continuarem a não viver e continuarem a ter motivos para reclamar. Me sinto muitas vezes como ela, a pessoa que tem a chance de ser feliz mas que quer ser triste e foi assim que eu me acostumei a viver.

Busquei muito os ditos “amores impossíveis” para que pudesse reclamar os acontecimentos e não me sentir culpado de não ter dado certo. Cada ação minha me diz que eu realmente busco isso, o utópico, o distante, o questionável. Do outro lado vejo a “Alice”, uma pessoa que se camuflou desde o início. A menina abandonada, sem rumo, sem medos, cheia de mágoas, cheia de angústias e que depois de ter vivido muitas coisas se permite uma chance. Mas tem um porém, ela sendo consciente de tudo que já viveu, de tudo o que passou, ela inventou uma pessoa que ela, só ela era capaz de lidar, a própria Alice.

Quem sou eu hoje? Vinhu. Ninguém além de mim me conhece mais, me prometi ser o Vinhu e que ninguém vai conhecer a minha verdade enquanto que não me transmita toda a paz e capacidade de me completar. Há tempos cansei de me abrir de verdade e me ver caindo em um abismo sem tamanho. Sim, eu meço minhas atitudes e palavras, embora haja errado e tudo mais, mas mesmo assim ainda tenho um limite que eu me permito ir até lá.

Larry e Daniel me mostram dois lados que eu tive, que ainda me remete a algumas ações minha. A cobrança de verdade do Dan, cobrança de sentimentos, o desejo por coisas complicadas. O Larry para mim é o cara que tem limites, que sabe analizar o relacionamento e os sentimentos, sabe medir cada ação, sabe delinear o amor e as formas de ações.

Realmente Closer é um filme para ser assistido por várias vezes, para que se possa ver cada fala, o tom de cada uma delas, a capacidade das pessoas de fingir, de amar, de trair, de trair as outras pessoas, de atrair a si próprio, a traição dos seus próprios sentimentos. O poder de se dizer um NÃO, um ADEUS. Cada coisa ação dessa para mim tem uma importância no meu dia-a-dia, são filmes como esse que fazem com que eu pare e perca meu tempo para poder ver um filme.

Acho que é sempre bom a pessoa parar e se analizar, analizar cada ação, cada sentimento e se encontrar sozinho e recomeçando a sua própria vida. Ver a menina que todos do filme tratavam como sendo a desprotegida, a muito jovem e vê-la agindo como realmente uma adulta me fez repensar o que as pessoas pensam sobre mim, sobre a minha inconstância, sobre a minha ânsia, meus desejos.

Enfim, me sinto como a Jane Jones, que viveu como a “Alice Ayres” por muito tempo, e que transparecia ser a menina e que na verdade é uma mulher e cheia de experiência de vida. Que soube o momento de tomar cada decisão, de voltar, de ir embora.

Goodbye stranger.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

No meio de nada.


Depois de algum tempo me vejo querendo desabafar, querendo revelar mais uma vez uma ilusão vivida. Você sabe que uma pessoa faz falta quando ela começa a fazer parte do seu dia-a-dia, quando um gesto dela se torna costume, esperado, quando ela chega de repente e te faz feliz, mesmo que por um instante, com um "oi" ou um "boa noite, dorme bem".

Distância é algo que existe quando se quer estar distante. O corpo presente nem sempre significa presença, nem tampouco a estar de corpo presente significa que você está realmente perto de alguém. Me vi assim, distante geograficamente mas o que aparentava era estar bem próximo, que era o meu momento de me sentir bem.

Todas as noites eu ficava aqui, algumas horas para me comunicar com ele, me sentia bem em receber um "boa noite" ou "durma bem, beijinho". Ele esteve fazendo parte do meu dia, das minhas alegrias, das minhas expectativas. Você faz mil e um planos, combina viagens com amigos, reserva cada momento em seu pensamento para o seu momento com a pessoa e você recebe um freio sem explicações compreensíveis.

É, tristeza é coisa que faz parte dos meus dias, ainda não aprendi a lidar com elas. Ando por aí reclamando da vida, da falta de chances de viver momentos verdadeiros e únicos, mas fazer o quê se ainda não aprendi a conviver com a solidão e o desprezo de sentimentos.

Me abri de uma forma única para ele, com todas as chances que há tempos não me dava. Fui super sincero, tive medo, fui bastante humano. Cheguei e disse que tinha medo e havia que estava sendo conquistado e ele falou para mim "é isso que eu quero". Isso foi o que mais me doeu, essas palavras de quem de certa forma me deu espaço para que tudo acontecesse.

Estive me sentindo bem, muito bem na verdade mesmo que na distância, mas me veio aquele sentimento de novo, a angústia de me sentir usado por um tempo e descartado em seguida. Sei que pareceu ser tudo diferente, a pessoa, o sentimento, a possibilidade, mas mesmo assim me senti como que das outras vezes que vivi isso tudo.

Sabe quando você se descobre com a chance de poder amar uma pessoa? Pois é, assim que me senti. A porta não está totalmente fechada, mas está escorada. Não sei se é o momento de passar a chave e esconder novamente para que ele não a encontre, mas tenho medo de uma decisão tão séria.

Sinto falta dele, em tão pouco tempo. Acho que é isso que diz que realmente gosto dele, por tudo, apesar de tudo e mesmo assim ainda gostaria muito de ter a chance de mostrar que quero realmente e quero mais ainda com certeza que dê certo.

Estar apaixonado e seguindo para algo além é um estado de incerteza que eu sempre vivi, mas que agora estava vivendo de uma outra forma. Tenho certeza que essa não seria a hora certa de parar com isso, infelizmente não depende só de mim.

Até outra hora, em que eu venha falar de um fim definitivo ou de uma chance conquistada.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ao acaso.


E o medo, coisa que sempre repugnei, me dá uma lição que eu ainda não conhecia. Não foi nada planejado, nem sequer nunca pensei em ficar assim, mas de certa forma eu me moldei a um tipo 'idealizado' de romance e não sei mais ficar por aí como um adolescente qualquer e amador em paixões avassaladoras.

Sempre fui muito inconsequente quando o assunto era apego a pessoas, depois de um tempo eu criei um escudo e só agora posso ver que estou de certa forma bloqueado. Nada demais, acontece com pessoas que eu fiquei e estive envolvido por um tempo, mas o problema está que eu sempre fiquei muitíssimo magoado com todos por algumas palavras que eles me falavam. E agora? eu estou envolvido com uma pessoa sem querer magoá-la, mas sem conseguir me envolver com ela por inteiro. Tudo isso serveria de lição? É, pode ser que sim, pena eu ter notado isso apenas após ter percorrido um caminho tão longo.

Acho que isso é pra que eu possa lidar comigo e com os outros de uma forma menos passional, sempre fui muito passional e confesso. Como poderei explicar tudo o que se passa dentro de mim a pessoas que pensam como eu anteriormente? Fico pensando isso e minha cabeça volta a reviver tudo aquilo que eu passei, sofri e pensar em tudo, tudo mesmo, nesses medos, nessas angústias pe como estar querendo reviver, não sei o que se passa pela minha cabeça.

Não quero fazer ninguém sofrer, mas não posso cobrar de mim o que eu não posso dar, que é justamente aquilo que eu sempre busquei e tive péssimos resultados. Só sei que agora eu posso entender o que certas pessoas sentiram quando estavam comigo, e posso ver os dois lados da situação. Isso tudo é tão complexo e simples ao mesmo tempo, o único problema está na minha cabeça, na minha vida, nas minhas experiências. Agora eu vejo tudo acontecendo comigo e não sei o que fazer.

Acho que tem coisas, pessoas e sentimentos que devem ficar somente no passado, nem sequer no pensamento eles devem estar, pois só traz sofrimento e disso tudo eu quero distância.

Por hoje é isso, medo de tudo que pode acontecer, mas que está acontecendo naturalmente...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mensagem errada


“Eu vejo você se apaixonando outra vez, eu fico com a saudade e você com outro alguém. Você diz que tudo terminou, mas qualquer um pode ver que só terminou pra você.”

Hoje de repente me veio a cabeça essa música, ela me apareceu quando recebi uma mensagem, mais uma mensagem, mas em um outro momento. Será que tudo vai voltar a ser como antes? E essas duas pessoas que existem na sua vida?
“às vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais(...) quais são as cores, as coisas pra te prender?”

E nesse misto de mil e uma músicas que poderiam retratar tudo o que aconteceu entre nós, ou o que não aconteceu, mas enfim, qual o porquê disso tudo? Juro que sempre que penso em tudo o que aconteceu, de como aconteceu e eis que sempre surgirá a incógnita de que será que isso ainda terá seu momento?

É estranho ver você se importando novamente de saber como estou, vir me dizer que está com saudades, que te ligaram e que você por um momento pensou ser eu, isso tudo ainda é confuso pois há tanta coisa entre nós. A sua reação ao saber que eu estava namorando foi uma das coisas que mais me fez parar pra pensar, por que você se importou tanto com tudo?

Sabe, fiquei meio com ciúmes em saber que você ficou ou estava ficando com aquele menino que já fiquei. É definitivamente eu tenho ciúmes de ti, sei lá, assim como tenho de algumas amigas, pessoas que eu só quero o bem por elas. Hoje já não sei o que há ou houve entre nós. Será que bateu realmente saudade? Ou foi só ciúmes de mim? Ah, não quero mais me preocupar com isso.

Incrivelmente mais uma mensagem que entra para a pasta das que ainda não é possível decifrar o motivo pelo qual ela foi enviada. Juntou-se as demais que ainda vez por outro volto a ler pra tentar entender. Outra coisa que não sai da minha mente foram as palavras que você bêbado veio me dizer, mas que já haviam sido ditas em outro momento. Sabe, naquela dia eu não quis ficar com você pra evitar toda uma possível rebordose de sentimentos, mas mesmo assim essa não pôde ser evitada, é infelizmente não.

É incrível como não consigo me ver ao seu lado novamente, mas mesmo assim nada muda, NADA. Se no sábado a cereja me fez querer me encontrar com você, hoje essa mensagem só serviu para aguçar ainda mais essa vontade. Mas será que ainda dá certo a gente sair por aí só nós dois? O problema não é meu, eu sei que posso me controlar, mesmo que por orgulho, mas está em ti pois não sei negar abraços, beijos. Sim dessa forma me transformo em uma pessoa fraca.

O que seria o passado? Será que deve ser algo que deve ficar só na memória? Sigo em frente e o quê eu tiver de ser, será.

segunda-feira, 22 de junho de 2009


Estava em falta comigo mesmo, me dei um tempo de escrever, de sentir por obrigação as coisas. Fiquei eu comigo mesmo, vivendo os dias, passando as horas, suportando sentimentos e superando medos! Confesso que durante esse período saí muito, conversei bastante, encontrei pessoas, recordei momentos e no fim de tudo percebi que estou bem, que estou numa fase de verdadeira mudança.

Lembro-me de um ano atrás, onde eu fugia por várias vezes de mim, do que estava sentindo, do que poderia viver e no fim das contas findei andando em círculos e que isso nem me adiantou muito, nem aprendi nada com aquilo. Só pude me desprender daquele sentimento quando pude me abrir com a pessoa e fazer com que tudo o que senti/passei/superei estivesse exposto e muito bem resolvido entre nós.

Mas a ocasião é outra, vim aqui para contar que estou bem, acho que finalmente cresci como pessoas, pessoa que tem sentimentos e que procura lidar com eles e que sempre busca ser transparente, coisa que antes só demonstrava com gestos. Hoje se algo não está me agradando chego e falo, não quero ser indesejado, apenas quero que sejam sinceros comigo. Estou crescendo, aprendendo a lidar com isso tudo e principalmente com esse meu jeito de ser que é uma coisa que tenho que melhorar um pouco.

Gente, mas dá um desconto, não é?! Sou ariano, gosto de coisas fortes, não tenho medo de demonstrar o que sinto, como sinto, tenho ciúmes, sou de grandes paixões [amor absoluto, ainda não sei de certo o quê seria isso] sou de viver, sem medo nem tampouco raiva do que passou. Tenho minhas amigas que nem adianta pedirem para que eu me distancie delas, porque é perda de tempo.

É acho que estou menos chato, mais pensativo, mais carinhoso e estou decidido a ir em frente. Amanhã? Deixa para amanhã, estou ocupado com o hoje!



Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.


Vinícius de Morais
Rio de Janeiro, 1938


Boa semana!